Prrojeto de Monografia, ainda em construção

Introdução

Nas últimas cinco décadas, o computador passou de uma máquina enorme e desajeitada, criada para ser usada no campo militar, para uma entidade presente de maneira ativa no cotidiano da sociedade, junto com as Tecnologias de informação e comunicação (TIC). Essas tecnologias passaram a executar diversas atividades de maneira mais rápida e eficaz. Mudou-se as atividades nas industrias, no comércio e com isso sua mão de obra, as informações chegam aos indivíduos em rápida velocidade, os diálogos, as relações e os entretenimentos se adaptaram a uma nova forma totalmente digital. É quase impossível apontar um só campo de atuação em que as TIC não estejam presente, influenciando comportamentos, atitudes, e redefinindo conceitos sociais em uma nova era na qual as tecnologias iniciam o processo de Inclusão Digital, que visa a democratização do acesso dos indivíduos as TIC, e conforme desejo do governo, a inserção de todos na sociedade da informação – SocInfo? .


No final da década de 90, surge a Sociedade da informação (SocInfo? ) ou como também é chamada principalmente nos meios acadêmicos Sociedade do conhecimento. Compreende um ”programa desenvolvido por diversos países, no mundo inteiro, com o objetivo de elaborar políticas públicas de inserção neste mundo de conexões, tecnologias e globalização muito intensa” ( PRETTO e BONILLA .2001 ) . Este modelo de organização da sociedade, fundamenta-se num modo de desenvolvimento social e econômico onde a informação desempenha um papel fundamental na produção de riquezas e na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, desde que “todos” tenham acesso as Tecnologias de informação e comunicação.


A sociedade da informação não é um modismo. Representa uma profunda mudança na organização da sociedade e da economia, havendo quem a considere um novo paradigma técnico-econômico. É um fenômeno global, com elevado potencial transformador das atividades sociais e econômicas, uma vez que a estrutura e a dinâmica dessas atividades inevitavelmente serão, em alguma medida, afetadas pela infra-estrutura de informações disponível.

(LIVRO-VERDE, 2000. p.5)


Coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, o Brasil lançou recentemente o Livro Verde, contendo as metas e objetivos da sociedade da Informação.

O Programa busca contribuir, de forma efetiva, para:

• a construção de uma sociedade mais justa, em

que sejam observados princípios e metas relativos à preservação de nossa identidade cultural, fundada na riqueza da diversidade;

• a sustentabilidade de um padrão de desenvolvimento que respeite as diferenças e busque o a

equilíbrio regional;

• a efetiva participação social, sustentáculo da democracia política (LIVRO-VERDE, 2000. p.06).


Assim, muitas são as ações que vêm dando destaque à utilização das TIC. É grande a multiplicação dessas ações como em propostas de Universidades como as ações do Tabuleiro Digital na Faced/UFBA com a disponibilização de computadores com software livre e acesso a internet para toda comunidade; organizações não governamentais, como exemplo o Comitê para Democratização da Informática - CDI, que atua desde 1995, em prol da promoção da inclusão social das populações menos favorecidas, utilizando as TIC como um instrumento para a construção e o exercício da cidadania; o próprio governo Estadual com o Programa Cidadania Digital (CDC) com atualmente 688 espaços públicos equipados com computadores, impressoras e um servidor de rede utilizando software livre e conectados a internet promovendo acesso gratuito as TIC em 408 municípios (segundos dados da revista Bahia, Terra de Todos Nós) além do governo Federal que executa e apóia, atualmente, 20 ações de inclusão digital por meio de diversos programas e órgãos incluindo na educação.


As TIC começaram a serem incorporadas no sistema educacional como elementos estruturante no processo ensino-aprendizagem e com elas as mudanças no sistema educacional. Criou-se novas formas de aprendizados, disseminação de conhecimentos, e novas relações entre aluno e professor. Os computadores passaram a fazer parte do cotidiano escolar, surge á idéia de aulas dinâmicas com a presença dessas máquinas, aprendizado rápido e claro a formação para o mercado de trabalho. Para tanto, o governo visando executar suas políticas para inclusão digital dentro do espaço escolar, preocupa-se com a aquisição de equipamentos e software educativos equipando as escolas (ñ sei s isso cabe aqui...) como se isso pudesse garantir uma utilização eficaz das TIC nos diferentes níveis e modalidades de ensino, sem um plano específico para á formação dos professores que irão trabalhar com essas tecnologias. Conforme traz Pretto e Bonilla:


Podemos perceber desde as origens do processo de introdução da informática na educação, um fato que persiste até hoje, ou seja, os educadores e professores ficam quase à margem desses processos. Os projetos para o uso da tecnologia na educação envolvem técnicos e especialistas de áreas relacionadas com a tecnologia mas não envolvem os profissionais diretamente envolvidos com a educação - os professores de sala de aula.”

(PRETTO E BONILLA, 2000)


Nesse contexto, em 1997 o governo federal, em regime de colaboração entre o MEC e os governos estaduais representados por suas respectivas Secretarias de Educação, cria o Programa de Informática na Educação ( ProInfo), tendo como principais ações: subordinar a introdução da informática nas escolas; fomentar a mudança de cultura no sistema público de ensino de 1º e 2º graus, de forma a torná-lo apto a preparar cidadãos capazes de interagir numa sociedade cada vez mais tecnologicamente desenvolvida; incentivar a articulação entre os atores envolvidos no processo de informatização da educação brasileira; institucionalizar um adequado sistema de acompanhamento e avaliação do Programa em todos os seus níveis e instâncias. Dentre as estratégias educacionais principais do Proinfo e pelo qual o programa recebeu destaque entre as políticas públicas de inclusão digital instituídas pelo governo, foi a capacitação dos professores, gestores e agentes educacionais para a utilização pedagógica das tecnologias nas escolas, através do NTE- Núcleo de Tecnologia Educacional.

Os NTE são estruturas descentralizadas, de apoio permanente ao processo de introdução das tecnologias nas escolas públicas, através de ambientes tecnológicos equipados com computadores e recursos tecnológicos. Esses ambientes têm como objetivo principal dar suporte, acompanhamento pedagógico e técnico no uso das diferentes tecnologias educacionais em parceria com o MEC. Segundo a cartilha para preparação dos NTE, documento ligado ao ProInfo, cada Núcleo deve dispor de uma equipe de educadores (multiplicadores) e especialistas em informática que deverão ser escolhidos entre os atuais professores de 1º e 2º graus, para serem capacitados através de cursos de Especialização, ministrados pelas principais universidades. Além de fazerem parte do sistema de Acompanhamento e Avaliação do Programa.


Com a implementação dos núcleos, emerge a já antiga necessidade de formação dos professores para trabalharem com as TIC na educação. As dinâmicas para a formação desses professores se tornam o centro das discussões, a partir do momento que se destina recursos específicos para essa área. Com isso surgem algumas das tensões sobre o formato a ser adotado para que essas formações ocorram dentro dos objetivos propostos. A introdução de multiplicadores como ponto central desse processo desperta o questionamento quanto á viabilidade e eficácia destes dentro do programa. Essas tensões nos trouxeram algumas inquietações devido a necessidade que se presenciou durante anos pela formação dos professores para o uso das TIC em sala de aula e o formato dessas capacitações quando se tornam presente no processo educacional.


É nesse contexto, que proponho o desenvolvimento deste trabalho de monografia. As questões e objetivos desse trabalho nasceram durante minha vivência enquanto bolsista em iniciação cientifica (PIBIC), cujo tema de pesquisa foi Inclusão digital nas escolas: as políticas do MEC, tendo como objetivo compreender os interesses, as articulações e os desdobramentos do Proinfo e do Programa Banda Larga nas escolas que visa permitir a instalação de conexões em banda larga (internet em alta velocidade) nas escolas públicas urbanas de ensino básico do país, ambos desenvolvidos pelo MEC, para a promoção da inclusão digital dentro do espaço escolar. O aprofundamento teórico durante o período da pesquisa sobre o conceito de inclusão digital, políticas públicas para inclusão digital nas escolas, formação de professores entre outros, veio aflorar os questionamentos e inquietações sobre a relação dos NTE com a formação de professores, influenciando na escolha do tema que aqui me disponho a estudar. É importante também ressaltar que a minha inserção no Grupo de Pesquisa em Educação, Comunicação e Tecnologia (GEC), como monitora do Tabuleiro Digital e depois como pesquisadora PIBIC influenciou para o incentivo na escolha do tema devido ás discussões e estudos sobre as tecnologias, a troca de conhecimentos com outros pesquisadores dentro do espaço do GEC que vieram aprofundar meus conhecimentos sobre os temas que envolve as TIC, educação, política de inclusão digital entre outros.


A presente pesquisa, tem como objeto investigar a constituição do NTE enquanto espaço para formação docente do Proinfo. As questões que guiarão a pesquisa são: que conceito de inclusão digital prevalece no Proinfo? Qual o sentido atribuído pelo NTE para formação docente? quais as dinâmicas e tensões que envolve esses núcleos? Apresento como objetivo geral analisar o programa Proinfo, especialmente as potencialidades e limites dos NTE para formação de professores; e como objetivos específicos: analisar as dinâmicas e tensões que envolvem os NTE; verificar e interpretar os tipos de capacitações destinadas aos professores nos núcleos, bem como sua relevância; compreender os sentidos e as significações que os multiplicadores atribuem a essa formação docente .

Para atender os objetivos, este estudo terá por base a análise qualitativa do Programa de Informática na Educação (ProInfo) em paralelo aos NTE, entendendo a pesquisa qualitativa conforme traz Oliveira:

As pesquisas que se utilizam da abordagemqualitativa possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar procesos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos (OLIVEIRA,1997,p. 117).



Nesse sentido pretendo focalizar a realidade vivenciada no NTE mediante contato direto com o objeto de estudo, freqüentando o local de estudo e observando seus sujeitos em busca da compreensão dos comportamentos investigado. Para tanto também será utilizado dados quantitativos que sejam relevante, tendo em vista a possível necessidade do trabalho paralelo entre os dois métodos conforme traz Pádua:


Há problemas de investigação que exigem informações referentes a um grande número de sujeitos e que, consequentemente, não comportam outro recurso senão o da abordagem quantitativa. Em outros casos, como por exemplo, quando se quer aprender a dinâmica de um processo, a abordagem qualitativa é a indicada. Existem ainda situações em que a combinação das duas abordagens não só é cabível como, sobretudo desejável.

(1997, apud GOUVÉIA, 1984, p. 67-70)

Dentre as abordagens qualitativas, optei pelo estudo de caso tendo em vista que este “representa uma investigação empírica e compreende um método abrangente, com a lógica do planejamento, da coleta e da análise de dados”. “Pode incluir tanto estudos de caso único quanto de múltiplos, assim como abordagens quantitativas e qualitativas de pesquisa.” (YIN, 2005, p.). Na posição de Lüdke e André, o estudo de caso como estratégia de pesquisa:

“é o estudo de um caso, simples e específico ou complexo e abstrato e deve ser sempre bem delimitado. Pode ser semelhante a outros, mas é também distinto, pois tem um interesse próprio, único, particular e representa um potencial na educação. Destacam em seus estudos as características de casos naturalísticos, ricos em dados descritivos, com um plano aberto e flexível que focaliza a realidade de modo complexo e contextualizado.” (LUDKE, 1986, p.

Tendo em conta as posições dos autores citados, o estudo de caso apresenta características relevantes á minha investigação e análise que visa a investigação de um caso específico, as dinâmicas e tensões do ProInfo no âmbito do NTE, dentro de seu contexto real para que se possa realizar uma busca eficaz das informações necessárias ao estudo aqui em prática.

Para dar conta da investigação serão utilizados instrumentos de pesquisa tais como a análise documental, entrevistas semi- estruturadas e observação dos processos formativos dos professores.



Referencia:



A.J. Gouvéia. Cadernos de pesquisa n° 49,maio de 1984, pp. 67-70.

BONILLA, Maria Helena Silveira; PRETTO, Nelson de Luca.POLÍTICAS BRASILEIRAS DE EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA. Artigo produzido durante o curso de doutorado. 2000. disponível em: < http://www.faced.ufba.br/~bonilla/politicas.htm > Acesso em 20 Maio de 2009.

CADORIM, Severino. Monografia e tese passo a passo. Rio de Janeiro: Sotese. 2002.

DIAS. Claúdia. Pesquisa qualitativa – características gerais e referências . Maio de 2000. Disponível em :< http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&ct=res&cd=1&url=http%3A%2F%2Fwww.geocities.com%2Fclaudiaad%2Fqualitativa.pdf&ei=x9UlSrr- JdyJtgf2w8ndBg&usg=AFQjCNGXdalH5xrJH0BDpvqeA_CndRRZEA&sig2=HWwGJsrHq3AO6Rf2NEw-Fg .>Acesso em 25 de Maio de 2009

Lüdke M, André MEDA. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU;1986.

PÁDUA, Elisabete Matallo Marchesini de. Metodologia da pesquisa: abordagem teórico-prática. 6.ed. São Paulo: Papirus, 2000.

TAKAHASHI, Tadeu. Sociedade da Informação no Brasil: Livro Verde (Org.) 2000. Ministério da Ciência e Tecnologia. Brasília. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretária de Educação a Distância. Diretrizes do Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo)- 1997.

YIN, ROBERT. Estudo de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi. 3a ed. Porto Alegre: Bookman; 2005.

Ventura. O Estudo de Caso como Modalidade de Pesquisa. Rev SOCERJ. 2007;20(5):383-386.setembro/outubro. Disponível em http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2007_05/a2007_v20_n05_art10.pdf




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