Prevenção ao abuso de drogas na pratica pedagogica dos professores do ensino fundamental
por FONSECA, Marília Saldanha da em
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Levantamentos epidemiológicos realizados nos últimos anos comprovam a presença de
drogas psicotrópicas nas escolas, assim como, a existência do abuso dessas substâncias
entre alunos. Pesquisas apontam para revisões necessárias na formação de educadores, no
que tange a práticas de ação preventiva, especialmente, quanto ao consumo de drogas. No
Brasil, as investigações em práticas pedagógicas de professores são escassas. O presente
estudo, uma pesquisa de campo, de natureza exploratória, teve como objetivo investigar se
as atuais práticas docentes em educação preventiva estão coerentes à demanda do abuso
de drogas entre estudantes, se não, buscar alternativas para novas práticas preventivas
concebidas e organizadas nas condições do contexto existente. Foi realizada uma
intervenção pedagógica, denominada Encontro Pedagógico em Prevenção ao Abuso de
Drogas na Escola, na Secretaria Municipal de Educação (SME), de uma cidade do Estado de
São Paulo, com duração total de trinta horas, em dez encontros diários, durante duas
semanas. Participaram da amostra vinte e três professoras do ensino fundamental, em dois
grupos de estudo, manhã e tarde. O processo de investigação estruturou-se à luz do
paradigma dialético, segundo os seguintes princípios: a) a prática concreta como ponto de
partida (tese), b) a compreensão da prática para sua superação (antítese), c) a elaboração
de práticas concebidas, organizadas e recriadas em novas condições, como ponto de
chegada (síntese). Para registro de dados foram utilizados questionários abertos,
observações e depoimentos. Os dados foram analisados qualitativamente, sendo
considerados os procedimentos do Método Dialético e da Análise de Conteúdo. Os
resultados encontrados na pesquisa constataram que as inconsistentes propostas
apresentadas no primeiro momento da intervenção foram se redefinindo cada vez mais, até a
formulação de novas alternativas para resolverem situações concretas. É importante
enfatizar que uma visão sincrética ascendeu ao nível de síntese, e que essa passagem
qualitativa deu-se pela incorporação de referenciais teóricos e práticos necessários ao
equacionamento dos problemas detectados na prática atual das professoras. Alguns
resultados interessantes emergiram. No Questionário 1, a divulgação de informações de
cunho alarmista foi a solução para a questão da droga; a análise dos resultados no
Questionário 2 mostrou não existir registro nesta categoria de resposta. Assim, ao serem
comparadas as práticas descritas inicialmente com as propostas de práticas pedagógicas ao
final do Encontro foi percebido um salto qualitativo, que se evidenciou em termos de
conhecimentos articulados sobre prevenção. Espera-se que os resultados obtidos possam
abrir novas perspectivas para a educação preventiva. Embora a intervenção realizada tenha
sido de curta duração, acredita-se que resultados encorajadores foram alcançados. Nesse
sentido, é essencial que professores recebam formação nessa área para que possam
promover a prevenção ao abuso de drogas nas escolas.