> > | 4 – 4 – Sujeitos da aprendizagem no Ensino a Distância: o protagonismo do aluno
Meirinhos (2006:67) toma autores como García Aretio (2001), Mir et al. (2003), Power, (2002) e Garrison e Anderson (2005) para nos lembrar que nos encontramos atualmente na quarta geração ou etapa do ensino a distância, cada uma delas marcadas por “suportes tecnológicos e posteriores modelos comunicacionais e pedagógicos implementados”.
Assim é que, acompanhando o raciocínio histórico já acima delineado, a EAD, segundo Meirinhos, atravessou as seguintes gerações: ensino por correspondência (cartas); multimídia (rádio, televisão e audiovisuais); telemática (a partir de meados da década de 1980, com o aparecimento das redes telemáticas integrando telecomunicações com suportes educativos; e, finalmente, a educação a distância através da internet, a partir de meados da década de 1990, conceituada como etapa dos campus virtuais ou da aprendizagem virtual.
Para além de uma terminologia, a aprendizagem virtual de quarta geração está, segundo Meirinhos, associada a ensino-formação através de computadores ligados em rede, especialmente a internet, e associada à necessidade de uso de recursos tecnológicos flexíveis, velozes e dinâmicos que permitam a interatividade e “a promoção de modelos pedagógicos de orientação sócio-cognitivas” (2006:69).
Nesse sentido, a Ensino a distância, encarnando um processo de mudança tecnológica e pedagógica, apresenta um conjunto de transformações, sintetizadas por Meirinho (p.70):
- O conceito de ensino a distância evoluiu para educação a distância;
- As tecnologias de ensino passaram a ser denominadas tecnologias de aprendizagem;
- A comunicação tornou-se mais rápida, mais interactiva e mais flexível, espacial e
temporalmente;
- De tecnologias transmissivas evolui-se para tecnologias cada vez mais interactivas;
- As preocupações com o processo de ensino (centrado no professor) passaram a ser
preocupações com o processo de aprendizagem (centrada no aluno);
- Evolui-se de uma prática tradicionalista, preocupada coma transmissão da informação,
para práticas sustentadas por teorias cognitivistas, preocupadas com o desenho e
concepção de materiais de aprendizagem, para chegar a práticas de natureza
construtivista, mais preocupadas com os processos e contextos de aprendizagem.
Maia et al (2006:03) registram também algumas dessas mudanças, especialmente em torno do perfil do aluno:
– autonomia do aluno (devem organizar tempo e espaço para estudo, contando com auxílio de recursos tecnológicos, didáticos e apoio do tutor);
- aprendizado autodirigido – Aluno deve desenvolver estratégias de aprendizado autônomo;
- aluno é sujeito ativo da aprendizagem – Faz com que processo de aprendizagem se desenvolva em qualquer ambiente;
- Pode formar grupos de estudos em salas locais (semipresencial) ou criar grupos utilizando-se de ferramentas do site/plataforma.
Quando, minimamente, lança-se um olhar sobre algumas das causas que levam ao fracasso nos resultados da freqüência de cursos a distância, tem-se a sensação de se estar diante de um sujeito da aprendizagem que parece estar longe daquilo que se espera dele. O caráter de protagonista tomado como demanda sócio-histórica da aprendizagem virtual, online, a distância, baseada em tecnologias computacionais e em rede, exige desse sujeito um leque de competências que até então ele parece não encarnar.
Nos novos ambientes de e-learning, os papéis dos professores e dos alunos encontram-se em mutação. O professor da sala de aula torna-se um professor online, tendo que dominar uma série de habilidades e competências para poder interagir com a informação, com os formandos e com outros formadores. O aluno online torna-se um navegador não linear num mar de informação sem fim. A alteração do papel do aluno requer a aquisição de novas habilidades e competências (Romiszowski (2004) apud Meirinhos (2006)). |
O fato de o aluno, na aprendizagem virtual, inserir-se no modelo pedagógico de base colaborativa, pressupõe nele alguns pré-requisitos. Henri e Basques (2003) apud Meirinhos (2006:119) afiram que “Para colaborar é imperativo o desenvolvimento prévio de habilidades necessárias a uma maior maturidade cognitiva, como a autonomia e o controlo de si mesmo nos processos”, no que Deaudelin e Dubé (2003) acrescentam também “habilidades sociais e de comunicação”, elementos esses que, como visto acima, as análises de Abadd et al. e Maia et al vão negar já estejam desenvolvidas, por se apresentarem como causas de evasão.
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